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Bruno Dórea
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Engenharia de Usabilidade

Como adaptar sistemas às necessidades do usuário, proporcionando uma interação confortável e eficaz


A usabilidade é crucial para o sucesso de interfaces de usuário, influenciando a eficácia, eficiência e satisfação do usuário. A engenharia de interfaces concentra-se na criação de sistemas que atendam às necessidades do usuário. Neste artigo, exploraremos conceitos básicos, princípios de design e técnicas de avaliação, proporcionando insights valiosos para analistas de testes.

Ergonomia: Adaptando a Tarefa ao Usuário

A ergonomia visa adaptar tarefas aos usuários, garantindo uma interação eficaz e confortável. A singularidade da experiência do usuário destaca a importância de interfaces personalizadas.

Características de uma Boa Interface de Usuário

Exploramos características cruciais, como clareza, concisão, familiaridade, responsividade, consistência, atratividade, eficiência e capacidade de desfazer. Equilibrar essas características é desafiador, mas essencial para criar interfaces eficazes.

Interação Humano-Computador

Discutimos métodos de interação, incluindo menus interativos e inteligência artificial, delineando como os usuários interagem com sistemas computacionais.

Usabilidade e Engenharia de Usabilidade

A usabilidade, derivada da ergonomia, é definida pela eficácia, eficiência e satisfação do usuário em um contexto específico. A engenharia de usabilidade emprega métodos investigativos para centrar o desenvolvimento de software nas necessidades do usuário.

Heurísticas de Nielsen: Princípios Fundamentais

As 10 heurísticas de Nielsen destacam diretrizes cruciais para o design de interfaces. Desde a visibilidade do status do sistema até a ajuda e documentação, cada heurística enfoca aspectos essenciais da usabilidade.

  1. Visibilidade do status do sistema:

    • Princípio: Manter o usuário informado sobre o que está acontecendo, fornecendo feedback sobre o status do sistema.
  2. Compatibilidade entre o sistema e o mundo real:

    • Princípio: Utilizar linguagem familiar e convenções do mundo real para tornar a informação exibida lógica e natural.
  3. Liberdade e controle ao usuário:

    • Princípio: Permitir que o usuário tenha controle sobre as funções do sistema, com opções claras de saída ou cancelamento.
  4. Consistência e padrões:

    • Princípio: Manter consistência na interface, evitando ícones, cores ou ações semelhantes para funções distintas.
  5. Prevenção de erros:

    • Princípio: Antecipar e prevenir erros, projetando o sistema de maneira a evitar confusões e problemas para o usuário.
  6. Reconhecimento em vez de memorização:

    • Princípio: Facilitar o reconhecimento das ações e caminhos dentro da aplicação, em vez de exigir que o usuário memorize informações.
  7. Eficiência e flexibilidade de uso:

    • Princípio: Tornar a interface útil para usuários experientes e iniciantes, proporcionando eficiência e flexibilidade na interação.
  8. Design estético e minimalista:

    • Princípio: Otimizar o tempo do usuário ao manter uma interface esteticamente agradável e minimalista.
  9. Suporte para o usuário reconhecer, diagnosticar e recuperar erros:

    • Princípio: Auxiliar o usuário a identificar, diagnosticar e corrigir erros por meio de mensagens claras e sugestões de solução.
  10. Ajuda e documentação:

    • Princípio: Fornecer ajuda detalhada e documentação para orientar o usuário sobre o uso da aplicação.

Princípios de Diálogo: Norma ISSO 9241:10

Os sete princípios de diálogo fornecidos pela norma ISSO 9241:10 abrangem adaptabilidade à tarefa, auto descrição, controle, conformidade com expectativas, tolerância a erros, adequação à individualização e adequação ao aprendizado.

  1. Adaptabilidade à tarefa:

    • Princípio: Um diálogo é adaptável à tarefa quando oferece suporte efetivo e eficiente ao usuário durante a realização da tarefa.
  2. Auto descrição (feedback):

    • Princípio: Um diálogo é auto descritivo quando cada passo é imediatamente compreendido através do feedback do sistema, sob demanda do usuário.
  3. Controle:

    • Princípio: O diálogo é controlável quando o usuário pode iniciar e controlar a direção e o ritmo da interação até atingir seu objetivo.
  4. Conformidade com as expectativas do usuário:

    • Princípio: O diálogo adapta-se às expectativas do usuário quando é consistente e corresponde às suas características e conhecimentos.
  5. Tolerância a erros:

    • Princípio: O diálogo é tolerante a erros se, apesar de erros evidentes, o resultado esperado pode ser alcançado com mínimas ou nenhuma ação corretiva do usuário.
  6. Adequação à individualização:

    • Princípio: O sistema é capaz de se adaptar às necessidades, preferências e habilidades dos usuários, permitindo modificações na interface.
  7. Adequação ao aprendizado:

    • Princípio: O sistema é adequado ao aprendizado quando apoia e orienta o usuário no processo de aprendizagem da interface.

Critérios Ergonômicos de Usabilidade

Apresentamos o conjunto de critérios ergonômicos proposto por Scapin e Bastien, incluindo condução, carga de trabalho, controle, adaptabilidade, gestão de erros, coerência e compatibilidade.

  1. Condução

    • Objetivo: Orientar e informar o usuário sobre o uso da aplicação, reduzindo erros através de uma boa condução.
  2. Carga de trabalho

    • Objetivo: Diminuir a carga cognitiva e perceptiva do usuário, facilitando a interação com elementos da interface.
  3. Controle

    • Objetivo: Gerenciar o tempo das atividades do usuário para uma experiência mais eficiente.
  4. Adaptabilidade

    • Objetivo: Desenvolver interfaces que se adaptem a usuários heterogêneos, oferecendo diversas maneiras de realizar tarefas.
  5. Gestão de erros

    • Objetivo: Reduzir e evitar erros na interação, facilitando a resolução quando ocorrem.
  6. Coerência

    • Objetivo: Garantir consistência nos rótulos, códigos, denominações e comandos, facilitando o reconhecimento.
  7. Compatibilidade

    • Objetivo: Organizar saídas e entradas de acordo com as características dos usuários e tarefas.

Avaliação de Usabilidade e Heurística

Destacamos a importância da avaliação de usabilidade antes do lançamento do produto. Discutimos técnicas prospectivas, preditivas e objetivas, concentrando-nos na avaliação heurística como uma ferramenta valiosa.

Técnicas de Avaliação de Usabilidade

A avaliação de usabilidade é uma etapa crucial no processo de design de interfaces, visando garantir uma experiência positiva para os usuários. Existem diversas técnicas de avaliação, cada uma com suas características e objetivos específicos. Abaixo, descrevemos três principais técnicas de avaliação de usabilidade:

  1. Técnicas Prospectivas:

    • Objetivo: Busca obter o ponto de vista do usuário sobre a experiência adquirida durante a interação com a aplicação.
    • Método: Utiliza questionários e entrevistas para coletar opiniões dos usuários sobre sua interação com a aplicação.
    • Vantagens:
      • Fornece insights valiosos sobre a experiência subjetiva do usuário.
      • Identifica preferências, satisfação e eventuais problemas percebidos pelos usuários.
    • Desvantagens:
      • Dependente da capacidade de expressão e compreensão do usuário.
      • Pode não capturar aspectos mais sutis da interação.
  2. Técnicas Preditivas / Analíticas:

    • Objetivo: Prevenir erros na interface, sem a participação direta do usuário, com base em conhecimento heurístico de especialistas.
    • Método: Avaliações heurísticas, inspeções de usabilidade e revisões de design por especialistas.
    • Vantagens:
      • Identifica problemas potenciais sem a necessidade da participação do usuário.
      • Pode ser realizada em estágios iniciais do desenvolvimento.
    • Desvantagens:
      • Pode não refletir completamente a perspectiva do usuário.
      • Dependente da expertise e experiência dos avaliadores.
  3. Técnicas Objetivas / Empíricas:

    • Objetivo: Coletar informações sobre problemas na interface enquanto o usuário interage diretamente com a aplicação.
    • Método: Inclui ensaios de interação, testes de usabilidade com observação direta do usuário, e coleta de métricas quantitativas.
    • Vantagens:
      • Permite observar o comportamento real do usuário em situações práticas.
      • Fornece dados quantitativos para avaliação.
    • Desvantagens:
      • Pode ser mais demorada e exigir recursos adicionais.
      • A interpretação dos dados pode ser subjetiva.

Cada técnica de avaliação tem seu papel específico no processo de desenvolvimento de interfaces, e a escolha entre elas depende dos objetivos da avaliação, recursos disponíveis e estágio do projeto. Combinações de técnicas também são frequentemente utilizadas para obter uma compreensão abrangente da usabilidade de uma aplicação.

Como Conduzir uma Avaliação Heurística?

A avaliação heurística é uma técnica valiosa para identificar problemas de usabilidade em interfaces, utilizando um conjunto de heurísticas ou diretrizes pré-definidas. Conduzir uma avaliação heurística eficaz envolve várias etapas cruciais. Abaixo, destacamos um guia passo a passo sobre como conduzir uma avaliação heurística:

  1. Preparação:

    • Seleção de Avaliadores: Escolha avaliadores familiarizados com as heurísticas de usabilidade e experientes em design de interfaces.
    • Definição das Heurísticas: Estabeleça as heurísticas específicas a serem utilizadas durante a avaliação.
  2. Reuniões ou Sessões Curtas de Avaliação Individual:

    • Treinamento: Realize sessões de treinamento para garantir que os avaliadores estejam alinhados quanto às heurísticas e objetivos.
    • Sessões Individuais: Cada avaliador conduz uma avaliação individual da interface, aplicando as heurísticas previamente definidas.
  3. Consolidação das Avaliações Individuais:

    • Discussão em Grupo: Promova reuniões de equipe para discutir as avaliações individuais, consolidar resultados e identificar padrões de problemas.
  4. Priorização dos Problemas Encontrados:

    • Classificação por Gravidade: Atribua uma classificação de gravidade aos problemas identificados, considerando o impacto na usabilidade.
    • Priorização: Determine quais problemas devem ser abordados primeiro com base na gravidade e frequência.
  5. Relatório Conclusivo Final:

    • Documentação: Compile um relatório abrangente que inclua uma lista dos problemas encontrados, suas descrições, classificações de gravidade e recomendações de correção.
    • Apresentação: Apresente os resultados aos membros da equipe de design, desenvolvimento e stakeholders, destacando os principais pontos.

Dicas Adicionais:

  • Feedback Construtivo: Ao relatar problemas, forneça sugestões construtivas de como melhorar a interface.
  • Foco no Usuário Final: Mantenha o foco nas experiências reais do usuário durante a avaliação.
  • Iteração Contínua: A avaliação heurística pode ser iterativa, realizada em várias fases do desenvolvimento para garantir melhorias constantes.

A avaliação heurística é uma ferramenta flexível e eficiente, permitindo identificar problemas de usabilidade antes do lançamento da interface. Ao seguir essas etapas, as equipes podem maximizar os benefícios dessa técnica, resultando em interfaces mais intuitivas e satisfatórias para os usuários.

Conclusão

Este artigo oferece uma visão abrangente de usabilidade e engenharia de interfaces, abordando conceitos fundamentais, heurísticas, princípios de diálogo, critérios ergonômicos e técnicas de avaliação. A implementação eficaz desses princípios pode resultar em interfaces mais intuitivas, melhorando a experiência do usuário e contribuindo para o sucesso de produtos e sistemas interativos.